Amamentação dupla! Sim, é possível!

Nossa, como o tempo passa! A Elis tem 2 meses e meio e está pesando 6.2kg... fomos na pediatra e ela disse que a Elis tem tamanho de 4 meses...rs... nao sei se fico feliz ou preocupada... heheh... O que importa é que ela é super saudável, adora conversar, dar risadas e passear! Estamos controlando o refluxo com os remédios (que a médica disse que vai retirar logo! Eba!) e ela está uma simpatia... nada de choros de dor todos os dias... UFA! Ainda estamos mantendo a dieta restrita (sem gluten, ovo, soja, leite e derivados, carne, peixe, nozes, amendoim etc....) e ela não tem mais tantos episódios... Aí vai uma fotinho da Elis no sling (finalmente conseguimos!), que assim como a amamentação e o contato pele à pele, proporciona um vínculo especial com os pais (e eu ADORO me sentir "grávida" da Elis...rs...).

Sobre a amamentação dupla (finalmente!), quero dizer que está sendo uma maravilha!!! Meu sonho realizado!!! Já havia feito um post sobre isso, os materiais e as técnicas que estou usando, então não vou repetir pra não ficar um post enorme, cliquem aqui pra saber detalhes do método de lactação adotiva ou relactação. Demorei pra postar sobre isso porque com os probleminhas da Elis com refluxo e cólicas a amamentação estava conturbada mas agora voltamos tudo ao normal...

Preparação:
Comecei a me preparar uns 2 meses antes de ela nascer. Comprei uma bomba elétrica dupla e bombeava todos os dias um pouquinho, pra ir estimulando. Como eu havia comentado no post em novembro (aqui), todas as mulheres já tem as mamas preparadas pra amamentar, e só precisam da estimulação correta pra começar a produzor leite. Eu gosto da bomba dupla porque é mais eficaz e mais rápido. Além disso, uma mama ajuda a outra a produzir ocitocina (hormônio necessário para a amamentação). Quando cheguei no Brasil, procuramos uma médica especialista em amamentação para mães adotivas e ela prescreveu 2 remédios (Motilium e mais um) para começar a tomar na hora em que a Bel entrasse em trabalho de parto. Ela também recomendou que eu bombeasse 3 vezes ao dia, por 20 minutos. Dá trabalho mas vale a pena. No segundo dia que eu estimulei, após tomar um dos remédios, eu produzi minha primeira gota de leite branquinho! Foi uma emoção enorme!


O parto e os primeiros dias

A Elis nasceu as 6 da mannhã, ficamos com ela na banheira, abraçadinhas por uns 25 minutos, depois fomos pra cama, a placenta saiu e eu cortei o cordão (resumidamente porque a Bel está devendo o relato de parto e ela não deixa eu escrever!). A Elis foi direto pro peito da Bel e mamou um pouco, super bonitinha! Como a parteira precisava ver se a Bel estava bem, eu e a pediatra colocamos uma roupinha na Elis e então ela veio direto pro meu peito, uma fofa! Ficou lá, mamando super bem (e forte!) até a Bel estar pronta pra amamentá-la novamente, pois o colostro é essencial! Isso é muito importante! Se vocês quiserem fazer a amamentação compartilhada, é necessário que o bebê mame desde as primeiras horas, pra ir acostumando com o cheiro, com a pele e com os 4 peitos! É também importante ir oferecendo o peito, nos primeiros dias, com o bebê sem fome, e deixar ele(a) mamar na mamãe que pariu pra receber o colostro. Fizemos isso por uns 3 dias, até o leite da Bel descer... e então eu pude amamentar utilizando o método de relactação.

Relactação:

O método consiste em uma garrafinha com o leite materno (da Bel!), que é conectada à um tubinho bem fininho. Então colocamos a ponta do tubinho bem perto do bico do seio (com um esparadrapo) e colocamos o neném pra amamentar normalmente. Quando ele(a) mama, consegue puxar o leite da garrafinha e estimular o peito ao mesmo tempo, pois o melhor estímulo pra produção de leite é a própria sucção do bebê. A Elis pegou meu peito com o tubinho super fácil, e após alguns dias de treinamento (em que a Bel precisava dar o peito dela por alguns minutos depois que a Elis terminava de mamar em mim) eu estava conseguindo amamentá-la, até ela ir pra "mamolândia" (ficar calminha, virando os olhinhos e dormindinho).

Uma coisa importante é manter a produção de leite, com a Bel bombeando e armazenando leite no freezer pra quando eu for amamentar. Precisa de muita rotina pois não se pode bombear demais para não aumentar muito a produção de leite e empedrar, e também não se pode retirar so um pouquinho de leite pois o leite materno é composto de dois tipos. Durante os primeiros minutos da mamada, o leite que sai é mais fino, mais clarinho com mais açúcares e sem gordura e com muito menos calorias. Após alguns minutos, o "segundo leite" começa a sair, e contém mais gorduras, mais calorias (o dobro!) e mais nutrientes. Os dois leites são importantes e essenciais para o desenvolvimento adequado do bebê, e é por isso que não é recomendado que o neném mame 15 minutos em cada peito, mas sim que ele(a) mame toda a mamada no mesmo peito, até esvaziar! Então, quando compartilhando a amamentação é necessário tomar cuidado para retirar os dois tipos de leite que serão usados na garrafinha de relactação.


Minha experiência
A cada dia eu conseguia aumentar minha produção de leite (uma gota, depois duas...chegando até uma colher de sopa de cada peito!). Infelizmente, com as cólicas, refluxo e restrição alimentar eu parei de amamentar por 3 semanas e parei de produzir leite. Agora estou de volta e a Elis se adaptou novamente aos 4 peitos! Uma delícia! Se tudo der certo vou começar a produzir leite novamente e após alguns meses irei amamenta-la sem a garrafinha de relactação!!!

Enfim, a amamentaçao compartilhada dá trabalho e requer muita disciplina e dedicação, tanto minha quanto da Bel ... Por exemplo, ela começa a chorar de fome e temos que correr pra descongelar o leite, esterilizar a garrafinha, preparar o esparadrapo etc... e distrair a Elis pra ela não morrer de desespero de fome...rs... mas isso está sendo uma experiência incrível pra nós 3! O vínculo da amamentação é especial e eu fico feliz de poder compartilhar isso com a Bel (e com a Elis). Além disso, a Elis vai ter meus anticorpos fazendo parte do corpinho dela, e isso me deixa feliz (já que geneticamente somos diferentes). Sem contar que a Bel pode dar umas saídas mais longas que eu fico em casa com a Elis (e vice-versa). Sou a prova viva de que quando queremos MUITO alguma coisa, podemos conseguir! Meu corpo se transformou quando me tornei mãe! Comecei a produzir leite, meus seios aumentaram e até minha menstruação parou! A natureza é incrível e me deu esse presente: consegui amamentar minha filha!

Pra terminar, quero deixar claro aqui que não acho que a dupla amamentação seja essencial numa família com duas mamães. Não é a amamentação que nos torna "mães", mas sim o amor, incondicional que temos por essas criaturinhas milagrosas que apareceram nas nossa vidas! Mas como amamentar era um sonho meu, em particular, e como não conhecia ninguém que tivesse feito isso, resolvi tentar e fico feliz de dividir minha experiência com todas mamães e futuras mamães!

Beijos à todas!

Aggy